top of page

Pupik - Fuga em 2

The Karavan Ensemble (ING) e Lume Teatro

Sesc Pinheiros - SP

Pupik 2 é uma celebração ao encontro dos sem-pátria. Seu elenco é formado por duas atrizes, amigas, que percorrem o mundo com seus trabalhos e só podem apresentar o espetáculo quando estão na mesma cidade. Elas trazem à encenação elementos sobre o trânsito constante, viagens, mundialidade, passagem, bagagens, jetlag, línguas diversas e incomunicabilidade. O encontro e o desencontro também se dão pelos conceitos. Para alguns, o corpo é minha casa; para outros, a casa é o terreno com um edifícioa onde se pode relaxar, ser eu, cheirar o familiar. O que é lar para um artista internacional? E o que é o lar para aquele figurante, o refugiado, o desabrigado, o imigrante? Lar é a Terra, se fôssemos irmãos uns aos outros. É o que não acontece, uma vez que insistimos em nos separar segundo raça, religião ou qualquer tracejado imaginário desenhado no solo. Ou quando nos deixamos levar pela paixão de oradores militaristas que apelam ao extermínio como forma de purificação da humanidade, clara visão materialista sobre o impalpável conceito de nacionalidade, origem e pureza. Portanto é um espetáculo que tem forte apelo, embora leve e despretensiosamente, entre aqueles cujas famílias foram vítimas de especulações, sejam judeus, sejam palestinos. Se o espetáculo reverbera? Mais fácil dizer que ele é a reverberação. Porque, embora aprazível, sinto mais a empatia pela causa do que pela obra. Parece pouco, considerando a ameaça higienista da prefeitura, o avanço fascista no Rio, o muro de Jerusalém, Charlottesville em pleno 2017 ou o Brexit. Mas, talvez, seja o possível, dentro da condições itinerantes do artista no mundo tão cheio de fronteiras conceituais.

foto Fábio Pascoal

bottom of page