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Killer Joe

Direção: Mario Bortolotto

Texto: Tracy Letts

Cemitério de Automóveis, SP

É preciso pontuar o ritmo acertado e o entendimento eficaz de cada uma das cenas que compõe o panorama moral das personagens e a tese da direção. Certamente não é fácil recriar imagens e atmosferas já recrutadas pela arte do cinema, e isto, aqui, está absolutamente bem trabalhado com objetivo claro, rigor e eloqüência criativa. Na arte as dinâmicas estéticas precisam conter não apenas “acertos” ao redor da obra. Um grande medidor de sua validade conjectural é sem duvidas sua disposição para agrupar as suas próprias contradições. A montagem, em nítida curva na trajetória do diretor, opta por condicionar os elementos de cena ao sentido da dramaturgia e ao estilo da interpretação, ou seja, a constante sintonia da conseqüente dramaturgia com a organizada estética vem a produzir um trabalho que não oferece ruptura visual e não opta pelo rigor total. É certo que sem a referida expressão artística o teatro brasileiro encontrar-se-ia mais pobre e menos diverso. Ainda assim é válido lembrar que um fracasso prodigioso pode vir a elevar um artista ao lugar das vanguardas coerentes. Nem sempre os acertos seguros cabem na hora de produzirmos estética e acertar não é o que nos pede o teatro hoje. Contudo, encarando este encontro como uma fundação do prodígio do afinado elenco, o teatro agradece e faz votos de que seja esta uma obra fundante de fato. Que esteja anunciado aqui um trabalho continuado. Fica na boca o prenúncio do sabor de um novo olhar para o teatro de grupo na cidade de São Paulo.

foto Leekyung Kim

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