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Montagem


De Elisabete Finger e Alessa Camarinha

CCSP | SP | 26/11/16

Entre a dança e o som revê-la a existência por um estado performático que soma corpo e cognição. É preciso revelar a dança como o movimento coreográfico, o que não significa necessariamente dançar aos moldes clássicos e modernos. A dança se revela na soma entre ritmo, movimento, desenho sobre o espaço, diagonais, planos e a presença como construção de sistemas narrativos sígnicos. Já o som, ainda que indiscutível, seja ruído, melódico, música, tem sua face mais direta, o que torna o preceito de uma coreografia sonora um tanto mais complexa. Se levado o som ao movimento, então estará limitado a uma composição. Em Montagem, Elisabete e Alessa conquistam um instante híbrido capaz de sustentar ambos, coreografia e sonoridade, sem necessariamente construir um tratado tecnicista ou filosófico sobre. As performers, pois todas são mulheres, conduzem caixas de papelão que são também caixas de som. Enquanto se deslocam por dentre o público, variam os volumes e acessos sonoros, provocando uma composição em constante transformação, cujo contexto se afirma pelos corpos e gestos. A performance simples e eficiente é repleta por ideias inteligentes e nada óbvias. E é na simplicidade aparente que Montagem conquista sua maior qualidade: a certeza de que assistimos, de um modo ou outro, o som dançar. Um acerto das artistas e do festival ao provocar o que pareceria inviável.

foto Patrícia Cividanes

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