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Michael Schmid + Al Revés


Jazz nos Fundos | SP | 24/11/16

Eles informam, tudo partirá da citação de Iyengar: A respiração é o rei da mente. E o concerto acontece assim, a partir da respiração. Se em um primeiro momento é ela que traz ritmo ao tempo de escuta, aos poucos o convívio com os sons produzidos pelos corpos, flauta e eletrônicos produz um efeito reverso na plateia, tornando o tempo estendido uma espécie de ritmo à presença. E é sobre a qualidade de ambas as presenças, artistas e ouvintes, portanto, que ao final surgem as perguntas. Quanto neles se modificou durante esse processo de respirar e para daí ser também composição? O que em nós se revela à entrega desse outro ritmo de assimilação sonora? O que se inicia com a exposição do ar soprado no instrumento, e então tornado música, aos poucos busca a amplificação de sons no corpo, como um movimento musical imperceptível e real. A sutileza da invasão do homem reflete a necessidade também da plateia invadir sua própria materialidade para reconhecer os seus movimentos, e assim dialogar, contrapor-se ou buscar uma espécie de uníssono. Fato é que, ainda que extremamente delicada, abstrata e subjetiva, a apreciação de ambos os instantes demanda profunda dedicação intelectual e racional. É inevitável. Se a respiração é mesmo o rei da mente, então Michael Schmid e o Al Revés comprovam na prática que, muitas vezes, o melhor é perdermos o fôlego para que consigamos esvaziar os pensamentos, quando então seremos capazes de preenchê-lo com o silêncio das respirações.

crédito fotográfico não informado

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