Hubbub
Jazz nos Fundos | SP | 24/11/16
Cinco homens. Cada qual com seu instrumento. Sopros, piano, bateria, guitarra. Parecia simples, e restava aguardar o que a banda francesa tocaria nessa primeira vez por aqui. Nada disso. Se o festival se chama de música estranha, agora faz jus e da maneira mais brilhante. Nenhum dos instrumentos no palco é tocado como se espera, e de todos muitos sons imprevistos surgem compondo uma melodia delicada, cuja radicalidade está na potência dos músicas em improvisar seus ruídos. Dos mínimos e suas exigências à atenção, aos máximos repentinos em uma única nota estridente e fundamental. A estranheza não se esgota e se sustenta sem dificuldade, impondo uma curiosidade singular ao ouvinte. São tantas nuances e possibilidades, enquanto muitas vezes se busca a origem do som, que assistí-los tocando se torna um espetáculo cênico de grande beleza. Como se nos permitissem assistir não apenas as improvisações e ao seu todo, mas algo anterior, íntimo, apenas dos músicos: a própria criação em estado de acontecimento. É possível perceber as decisões antes que tomadas para completar a composição; é possível entender a sutileza com que oferecem espaços uns aos outros. Assistir ao Hubbub não se limita, portanto, a ouvir uma música improvisada de maneira original. Vai além. É dimensionar a escuta como condição fundamental ao surgimento do som. E foi sensacional escutá-los, além de ouví-los.
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