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Malditas Coxinhas


Texto: Mário Viana

Direção: Norival Rizzo

Elenco: Valéria Sândalo

dramamix

SP Escola de Teatro | 14/11/16 | 21h30

Na primeira dezena de frases o autor possibilita nítida viagem pelo centro nervoso não só da cena como também da situação que em breve (fica a promessa) se desdobrará. Com calma as nuances introdutórias desvelam uma gama de possibilidades que após alçarem vôo, por conta da estrutura que repõe e desdobra as próprias elucubrações, não bate asas até os horizontes outrora projetados.

A qualidade retórica dá conta de não fazer da obra um lugar comum de risos e despojamento. Intuo que impressionado por esta possibilidade o diretor resolveu investir pouco em uma partitura formal mais estruturada ou salvaguardada por procedimentos mais inventivos, quero dizer, deixou a talentosa atriz dar corpo ao carismático texto e pensou assim estar livre de buscar as contradições da cena em outros campos.

Esta reflexão fez-me lembrar de uma mítica história do teatro brasileiro onde contam que um consagrado diretor decidiu que encenaria sua nova peça utilizando-se do espaço vazio. Para tanto convidou determinado cenógrafo e fez o convite tão chocante quanto inusitado – Quero que você faça o cenário de minha peça! Mas já sei como será! Quero o palco vazio!

O cenógrafo olhou cheio de dúvidas e rebateu o que qualquer outro em seu lugar diria – O que quer de mim se já decidiu pelo vazio?

Qual não foi sua surpresa quando esta conversa nonsense fez-se teoricamente rica e ideologicamente clara – Preciso que alguém assine este vazio. E precisa ser você.

Cito esta anedota para posicionar minha fala seguinte, quero dizer que a dramaturgia deste trabalho carrega conceitos claros que não convidam novas interpretações, neste caso este limite apresentasse como qualidade posto que o texto é coeso e decidido, portanto, caberia aos artistas envolvidos saberem deixar suas marcas no (nítido) “vazio” do outro.

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