Sonho ou na falta de um assunto qualquer, cite Freud
texto: Gabriela Giffoni
direção: Amanda Tedesco
elenco: Júlia Bravo e Lívia Bravo
intercâmbio Unirio
SP Escola de Teatro | 14/11/16 | 21h
E eu, que comecei a assistir “Sonho ou…” achando que era o outro da Unirio, o “Elena”? Foi por causa de uma troca de cenas apresentadas uma na sequência da outra, e eu não havia lido sinopses. A troca foi avisada após a apresentação.
Mas, de boa. Porque a confusão foi, pra mim, divertida. Nem desconfiei! Achava que “Sonho…” era “Elena” porque identifiquei inclusive as questões da psiquê freudiana da mulher que se compara aos modelos de beleza helenísticos e tudo mais. (OK, não sei se é freudiana; tampouco é só de sua era pra frente).
E tinha motivo a mais para não perceber a confusão que eu fizera. Eram personagens embonecadas, burlescas pra patrão pagar, cheias de traços e trejeitos, cortes de cabelo características de um lifestyle, pó de arroz, trechos de cena em salão de beleza; e uma estrutura dramatúrgica em loop reproduzindo a vida “mesmitizada” daquelas que, leio eu, por não se empoderarem, repetem padrões e alimentam seus sonhos com sugestões implacáveis de engenharia comportamental.
Por fim, para o citado Freud sonhos são descargas emocionais. Durante o REM nossos sinais são de atividade desperta, embora uma substância liberada pelo cérebro paralise o corpo que dorme. E que corpo/ser é esse que flui sem rédea de si, vivendo um onirismo que não lhe é totalmente (talvez nem majoritariamente) próprio? Viagem minha achar que pega forte na questão? Por tudo isso, sem ler a sinopse, achei que tratava-se de (H)“Elena”. E, pensando bem, acho que "Sonhos..." conversa com "Elena."
Fora a assumida confusão, saí satisfeito de ver o trabalho de outra universidade e perceber preocupações estéticas em casamento equivalente com as discursivas, tanto em termos de direção/encenação quanto de dramaturgia.