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Cartas de Amor Nu, uma linguagem radical


Texto e Direção: Mauricio Paroni

Elenco: voluntários de Manufactura Suspeita

dramamix

SP Escola de Teatro | 14/11/16 | 20h30

O que se diz a alguém, que você não conhece e está nu, num quarto escuro, diante de você? Se é amor, qual o tom da voz? Se é intimidade, em que distância os corpos se aproximam? Como se respira e se respeita? Em “Cartas de Amor Nu – uma linguagem radical”, o público é convocado a despir-se numa sala completamente escura. Os atores seguem vestidos e sussurram perguntas, constatações e canções. As roupas lhes asseguram uma certa mobilidade que é reduzida para os despidos. Quem se atravesse a mover-se e se perder na sala escura e se distanciar de suas roupas? As palavras sussurradas não me provocaram como os cheiros. Talvez pela presença da voz de Paroni que conduzia a experiência como procedimento e indicava ações que deveriam ser feitas e revelava que aquilo tudo era só teatro. Talvez pelas vozes que insinuavam uma proximidade que não existia. De toda forma, existiam os cheiros e a imaginação. Esses sim foram capazes de me causar ânsia e curiosidade. E se alguém acendesse a luz de repente? E se alguém tocasse em mim sem que eu consentisse? E se aquele cheiro esquisito voltasse para perto? A Psiquê ficou ativa, ainda mais nessa ausência de luz. Afinal, era assim que ela se relacionava com Eros todas as noites, sem ao menos, saber que rosto ele tinha. Existem muitos sentidos a serem explorados de agora em diante, principalmente, os silêncios, as respirações e a ofegação.

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