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Unir-se???


Cecilia Stelini + Nicolas Spinosa (SP/Argentina)

Praça das Artes | SP | 14/11/16

Quantas perguntas cabem aqui dentro? Quando a folha está em branco e é preciso iniciar o primeiro traço – esse é o movimento mais difícil. Suspeito que tenho mais criatividade quando me impõem regras do que quando preciso fazer um “desenho livre”. Com a folha em branco, qual a sua “pergunta livre”? Sem dúvidas, qualquer que seja a saída é necessário sujar as mãos. O homem e a mulher, vestidos de branco alvejado, manipulam corações de variados tamanhos, o de boi é o maior deles. Ela sufoca os corações com um emaranhado de fios e costuras. Ele escreve correspondências com os corações, carvão e carimbos; o sangue manifesta presença no papel em branco. A correspondência abriga em si a necessidade de resistir. Afinal, quem escreve uma carta sem imaginar que ela será lida por alguém – que não o destinatário - no futuro? Eles inscrevem no espaço e nas cartas, por diversas vezes, a palavra RESISTIR, mas como se pode falar em resistência, quando não foi dado ao outro a possibilidade de lutar? Ele já foi capturado morto. Como pode o coração, retirado do corpo, sujeito à arte, resistir? De quantos corações é feita a arte? E de quantas sepulturas?

foto Ana Carolina Marinho

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