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Por Trás das Lonas de Babylon


Direção: Tom Garcia

Texto: Leonardo Dalla Valle

Elenco: Alexandre Proença, Ana Costa, Breno Borges, Fabia Mirassos, Jackson Rodrigues, Leonardo Dalla Valle, Magé Dionísio, Maíra Cardillo de Abreu, Maria Andrade e Talita Ribeiro

SP Escola de Teatro | 13/11/16 | 16h

O surgimento de um grupo, ao mesmo tempo em que agrada aos dos deuses do teatro, também os ofende. Como disse Alberto Guzik “Dionísio é um Deus Cruel”. É preciso assimilar os achaques deste Deus que abençoa e sabota, com igual afinco, as orações de seus apóstolos.

A Cia Os Babilônicos retoma a tragédia bíblica, mas, aqui, quem vê a linguagem partida não são os homens operários de uma torre, mas sim a dramaturgia que não demarca sua vocação.

Tal qual pesquisas elaboradas pela Cia Os Satyros, a Cia Os Babylonicos envereda segundo a perspectiva do grotesco. Através de uma ainda desafinada, porém potente dissonância formal, a Cia propõe rever o mundo através de suas “aberrações” preconceituosas, soberbas e miseráveis.

Interpretar personagens “fellinianas” e manter credibilidade estética é árdua tarefa para intérpretes experientes, e aqui, corajosamente os artistas verticalizam suas pesquisas sem receio. Deste ímpeto surge o acerto, que, se bem assistido, poderá afinar a lógica da peça.

Este esteio surge na figura da atriz Magé Dionísio. Sua interpretação é uníssona ao acerto do figurino, hibridez que não se repete entre dramaturgia e direção.

Para que o diretor encontre o que persegue, se faz necessário reconhecer os procedimentos de suas inspirações para além das formas visuais, ou seja, entrar na figura humana, contraditória e utópica destas personagens miseráveis, num contexto de sociedade excludente, racista e sexista através do estudo de obras sociológicas faria bem ao texto e à direção que poderiam ver-se livres de todas as suas derrapadas melodramáticas.

Um processo resulta em milhares de ilhas de sentido que podem orientar a nau da obra. Mas é preciso saber enxergar o horizonte.

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