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Subterrâneo


Texto: Heloísa Cardoso

Direção: Vanessa Guillen

Elenco: Kátia Calsavara e Tadeu Ibarra

Sede Cia do Pássaro e vôo de Teatro | 13/11/16

O Figurino neutro abre espaço para a potência do grupo que tem como coesa ignição este trabalho. Seu funcionamento dá-se através de prerrogativas claras; dizer e ser ouvido, agir e ser notado, ser e estar.

O espírito do grupo encontra aqui um início de pesquisa. O elenco distribui falas pelo espaço e mais, organizam atmosferas com preciso domínio de cena. Bastaria dizer que a montagem interpela seus eixos de forma consciente e muitas vezes distanciada, lúcida do que exerce no outro, mas vou preferir o excesso: A cena monta e remonta sua densidade através de um ritmo imprevisível e eufórico, é notável a unidade que se cria nos olhos atentos dos que assistem.

Por vezes as escolhas estão ajustadas a um modo peculiar de investigar a cena, isto não impede que a leitura transcorra sem excesso de signos ou falta de rigor da direção. As proposições não carecem de aprovação do público e, rendidos ao fôlego do espetáculo todos embarcam sem dificuldade no bem arquitetado esquema de cena, nas eficientes performances dos atores e na trilha sonora que mantém ligada a determinação do grupo em demarcar a pegada fundante de sua trajetória estética.

Prevendo através de cartas que não foram colocadas na mesa, arrisco dizer que uma das possíveis trilhas para o grupo continuar sua trajetória, pode ter conexão com os trabalhos da Cia Club Noir e do Grupo Tapa, posto que a autoridade sobre a obra faz-se maior que qualquer outro aspecto parecendo sendo possível instaurar através desta, uma continuada pesquisa de repertório vocacionada a compreender e lançar neste tempo algumas obras literárias desgastadas pela mídia ou exaustas pelo mau uso que os irresponsáveis muitas vezes fazem de preciosos clássicos. Que possam guardar em seu teatro seguro obras sempre tão singulares.

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