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Décima peça de novo

Foi preciso voltar, como escrevi antes, pois o espetáculo E se elas fossem para Moscou?, de Chris Jatahy, é em duas partes, uma peça e um filme. E o filme, editado ao vivo, em tempo real, exige à diretora decidir em pleno acontecimento quais câmeras e imagens os espectadores no cinema assistirão. Depende dos posicionamentos das câmaras, depende do enquadramento dos atores, dos ângulos do cenário, do instante e cada segundo improvisado que exige mudar tudo e rever a construção da narrativa. Assim, por ser tão aberto, o espetáculo necessitou meu retorno. Chris me convidou para que ficasse ao seu lado, durante a edição, assistisse as opções e as escolhas, entendesse e, em breves momentos, pudemos até mesmo comentar entre nós algumas especificidades. Foi uma experiência incrível e provavelmente o melhor assento para assistir ao trabalho, pois ali consegui ver a ideia do díptico se formar em plenitude e acontecer verdadeiramente. Sem falar, ainda, daquilo que sobra, dos erros que se escondem e que são tão geniais quanto os acertos, dos movimentos que revelam bastidores e transbordam palco e tela. Assistir dessa maneira o trabalho foi radicalmente uma experiência única e de fato especial. Só posso agradecer Chris Jatahy por tamanha liberdade e generosidade. Afinal, ali, não eram apenas amigos. Sentado ao seu lado estava também um crítico.

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